A falta de recipientes para vacinas.
Princípios ativos produzidos na Argentina para finalização no México estão parados nos laboratórios devido à falta de frascos e ampolas.
A falta de recipientes para vacinas se tornou um problema muito sério, dezenas de milhões de vacinas AstraZeneca são armazenadas em depósitos na América Latina. O laboratório da Argentina produz 18 milhões de doses por mês. Mas, atualmente, elas não podem ser usadas devido à falta de insumos básicos como filtros, bolsas estéreis, frascos ou excipientes biológicos utilizados para finalizar o produto no laboratório mexicano.
A vacina latino-americana contra o novo coronavírus (Covid-19) foi produzida na fábrica de Buenos Aires do empresário argentino Hugo Sigman e fundada pelo mexicano Carlos Slim. A AstraZeneca nomeou o laboratório mAbxience, uma moderna instalação argentina pertencente ao Grupo Insud, como responsável hoje pela produção do princípio ativo. O produto básico é, então, enviado ao laboratório mexicano Liomont, responsável pela completação e envase, e distribuído pela AstraZeneca.
No entanto, o plano esbarrou em uma escassez fundamental de produtos, incluindo os básicos, como solução salina, frascos e seringas. A Schott, maior fabricante mundial de ampolas, alertou em junho de 2020 que não conseguiria atender pedidos de centenas de milhões de garrafas de vidro. No mês seguinte, Pascal Soriot, diretor-executivo da AstraZeneca, admitiu que o problema não era “fazer as próprias vacinas, mas encher frascos“, porque não havia recipientes suficientes no mercado.
O laboratório mAbxience iniciou a produção conforme planejado, e exportou dois lotes para o México em 20 de janeiro e 2 de fevereiro, cada um equivalente a 6 milhões de vacinas. Atualmente, a produção do mAbxience é de 18 milhões de doses por mês e chegará a 25 milhões em abril.
O imunizante permaneceu estática no laboratório Limon, no México, e no laboratório na Argentina, aguardando a normalização do fornecimento de ampolas.
Esta é uma situação frustrante. A fábrica da Liomont é uma das maiores da América Latina (1,6 milhão de metros quadrados) e deve enfrentar o processo de transformação de seu espaço para ter a tecnologia necessária e se preparar para a produção em série. Para Hugo Sigman, “a Liomont tem um excelente laboratório e fez tudo o que era necessário, mas encontrou um problema planetário e que a Europa também sofre: a demanda por insumos é grande, mas a oferta é pequena.”
Atualmente, existem centenas de vacinas em desenvolvimento ou já no mercado, e há uma corrida contra o tempo para imunizar os 7,5 bilhões de habitantes do planeta. No entanto, a indústria mundial não produz mais do que 20 bilhões de ampolas para a produção de medicamentos comuns todos os anos. O surto da vacina quase fez o mercado entrar em colapso. “Ninguém está preparado para isso. Levará meses para que o suprimento volte ao normal”, completou Sigman.
Referência El País